As 10 características-chave da Liderança Inspiracional

Por Jaime Ferreira da Silva, Managing Partner da Dave Morgan

“Management é fazer as coisas bem; Liderança é fazer as coisas certas”. Peter Drucker

Os conceitos de liderança traduzem as mentalidades dominantes em cada momento histórico, temperadas pelas memórias frescas do passado, num eterno movimento pendular.

Não sendo imune às modas, a liderança já foi considerada desde inata a passível de imitação, centrada em tarefas ou em pessoas, carismática ou replicável pelas competências-chave associadas.

Existe um propósito permanente nessas conceptualizações, o da busca de uma espécie de Santo Graal de virtudes que explique os líderes excepcionais, possibilitando aos demais, um formulário prático de “como fazer”.

O medo do desnorte e a angústia da possibilidade, sentimentos arcaicos da nossa espécie, são socialmente catalizados pelos líderes, a quem atribuímos o papel vital de mapear territórios e propor formas de lá chegar.

Na realidade, nada é assim tão simples e, dados os desafios globais que o mundo enfrenta, sobressaem algumas questões pertinentes:

•    Quais os desafios actuais e emergentes que enfrentamos?

•    Que tipo de liderança*  estamos a encorajar e a alimentar?

•    Que resultados estamos a obter com esses líderes?

•    De que tipo de liderança necessitamos, REALMENTE?

•    Como chegar lá?

Sendo notória, na actualidade, a prevalência de tecnocratas sobre estadistas, de (maus) gestores sobre líderes, aprisionando organizações e nações em derivas narcisistas de graves consequências, é tempo de reencontrarmos líderes inspiracionais!

Os líderes inspiracionais não têm forma nem padrão únicos mas exibem 10 características, tendencialmente, estáveis e interdependentes:

1.    Princípios e valores claros – uma noção clara de certo e de errado, ancorada nos direitos humanos e nos valores da liberdade, justiça, da responsabilidade (individual e colectiva) e da paz.

2.    Primado do conteúdo sobre a forma – críticos das luzes da ribalta, usam a notoriedade com moderação, privilegiando as suas ideias e acções em detrimento das aparências e do seu ego.

3.    Primado do médio/longo-prazo – dotados de visão e pensamento estratégico, criam cenários futuros credíveis e focam-se na sua concretização, envolvendo e motivando outros a fazerem o mesmo.

4.    Comunicação e acção coerente com princípios e valores – conscientes do valor social das causas que defendem, é na acção que dão provas efectivas do que dizem acreditar.

5.    Foco no grupo e não em si próprios – possuidores de um forte sentimento do “nós”, vêem-se mais como um meio do que como um fim em si. Não cultivam a personalidade para além dos limites do necessário.

6.    Influência sem longe nem distância – acreditam que mais importante do que a sua presença física, é a sua existência na mente e no coração dos seus seguidores.

7.    Coragem física e psicológica – são capazes de conjugar o verbo lutar, em sentido literal e figurado, sempre que necessário e em articulação com os princípios e valores que defendem.

8.    Capacidade para sacrifícios pessoais – vendo-se a si mesmos como simples meios de alcançar fins mais vastos, são capazes de colocar os interesses do grupo à frente dos seus, pagando o preço.

9.    Liderar pelo exemplo e com humildade – consideram-se, REALMENTE, homens e mulheres banais, com defeitos, dúvidas e angústias. Tornam-se primus inter pares pela coerência e consistência dos seus princípios, valores e acções, não pelos seus egos.

10.    Inteligência emocional – mantém-se conectados consigo mesmos, com o seu mundo interior e exterior numa dinâmica construtiva de interdependências. Por norma, não sobrepõem o “Eu” ao “Outro”.

Existe entre nós, alguém que disse um dia ““Não sou um santo a não ser que pensem que um santo é um pecador que ainda não desistiu”. Referiu também que “prisioneiros não podem assinar contratos, só homens livres o poderão fazer”.

A sua crença na bondade e justiça das suas ideias fizeram-no prisioneiro de opinião durante 26 anos numa já longa vida de mais de 9 décadas. Os seus conterrâneos chamam-lhe, afectuosamente, Madiba, o resto do mundo, Nelson Mandela!

(*) Política, económica, ambiental, etc.